O iPod Touch é, para mim, a melhor peça de hardware portátil que a Apple tem no mercado [actualização a 6 de setembro de 2010: hoje ao ler a MacRumors verifiquei que iPhone e iPod Touch representam cerca de 80% do mercado dos dispositivos com o iOS, o que corrobora a minha afirmação, o primeiro com cerca de 60 milhões de unidades vendidas e o segundo com 48 milhões; a pergunta será: quando é que as vendas do iPod Touch irão ultrapassar as do iPhone?]. Uma autonomia de fazer inveja ao iPhone; um ecrã que envergonha o novo iPod Nano; capacidades de fotografia e vídeo que o colocam à-vontade no segmento das micro-máquinas de fotos/vídeo que proliferam no sector; capacidade de processamento que fazem dele uma interessante máquina portátil de jogos; e, claro, cabe no bolso da camisa onde o iPad tem dificuldade em entrar.
Na área da acessibilidade e das necessidades especiais, ele oferece:
- Leitor de ecrã para "todas" as suas aplicações em Português Europeu e Português do Brasil de alta qualidade. Isto apenas para citar 2 dos 25 idiomas que vêm com ele de fábrica.
- Com o leitor de ecrã, o controlo do calendário, da calculadora, do cronómetro, do relógio, da discografia, dos audiolivros, e até da máquina fotográfica e da câmara de vídeo é possível.
- Navegação em páginas Web com multisintetizador, ou seja, recorrendo às regras de acessibilidade do W3C, o leitor de ecrã detecta o idioma e lê a página com o respectivo sintetizador.
- Alto Contraste de alta qualidade branco sobre preto.
- A ampliação de caracteres é fabulosa, embora difícil de manusear dado que é preciso usar 3 dedos em simultâneo para executar os diversos comandos de ampliação.
- O uso da voz para dar comandos ao iPod também é possível. A minha experiência com o iPhone não tem sido muito proveitosa na manipulação desta funcionalidade mas acredito que possa ser falta de experiência da minha parte (já há cerca de um ano que deixei a minha impressão sobre esta funcionalidade aqui no blogue).
- Graças ao FaceTime via Wi-Fi, às câmaras de vídeo posicionadas atrás e à frente do dispositivo, vai ser possível estabelecer comunicações de vídeo via Wi-Fi entre 2 iPods Touch ou entre 1 iPod Touch e 1 iPhone. Assim, vai ser possível estabelecer uma chamada em língua gestual, pelo menos teoricamente. Veremos se na prática será eficaz. O novo iPod Touch chega mesmo a ter um motor que provoca a vibração do dispositivo quando toca.
Permitam-me, no entanto, destacar o acesso à literatura que o novo iPod Touch permite a pessoas com deficiência da visão. Usualmente são 3, os métodos que actualmente estou a usar no iPhone para o efeito e que podem ser replicados neste novo iPod:
- Através do programa VisioVoice para Mac OS X, é possível converter qualquer livro que esteja em txt, rtf, doc ou PDF em áudio. Para o efeito, o VisioVoice, da empresa holandesa AssistiveWare, usa o sintetizador de fala Célia - Português de alta qualidade - e cria um ficheiro directamente no iTunes. O segundo passo consiste na ligação do iPod via USB e aguardar a sincronização. Feita a sincronização o livro está no iPod pronto para ser lido. Em Windows isto é igualmente possível desde que se faça chegar o ficheiro áudio ao iTunes.
- Mas, agora é ainda mais fácil ler um livro no iPod. Já não é preciso o trabalho de converter o ficheiro de texto em áudio (por exemplo com o VisioVoice era usual demorar umas 3 horas para converter um livro como o Codex 632, do José Rodrigues dos Santos, de cerca de 600 páginas, para o qual dispusesse, claro, do texto digital). O próprio iPod faz isso sozinho. Com a aplicação iBooks da Apple, disponível gratuitamente, basta ir à iBookstore e comprar o livro. Se tivermos um ficheiro PDF com o livro ou com texto que pretendemos ler, basta copiá-lo para o iTunes. Na próxima sincronização com o iPod o ficheiro passa para o dispositivo. Para o ler, basta apontar com o dedo e o livro começa a ser lido. No caso dos livros vindos da iBookstore, a página do livro é virada automaticamente e a leitura prossegue até que a mandem parar. No caso de ficheiros PDF é necessário ser o utilizador a virar a página e voltar a apontar a próxima página para que esta seja lida. Neste último caso, o leitor de ecrã não permite a leitura de parágrafos individuais. Relativamente à iBoostore também não encontro muita literatura contemporânea em língua portuguesa. Isso só será mais usual quando o iPad for lançado em Portugal.