sábado, setembro 15, 2007

Why doesn’t Safari support the handheld CSS media type in iPhone?

Ainda recentemente coloquei esta mesma questão num dos fóruns portugueses de utilizadores Apple: porque está o iPhone (handheld) "armado" em ecrã de computador (screen)?

Do que conheço da Apple esta estratégia é amplamente reflectida e nada inocente. Recai no principio: não, o iPhone não é um handheld, é um iPhone! Pois... parece que já vi este filme antes: o IE não é um browser, é o Internet Explorer. Todos os designers conhecem hoje os "malabarismos" que é necessário fazer para ultrapassar os "bugs" do IE. Acham mesmo que são bugs? Tretas, ... se queres ver a tua página como deve ser desenha-a para IE e obriga os utilizadores a usarem IE. Conhecem a frase "Optimizado para IE xx.x"? Ah, pois é...

Esta estratégia não me parece positiva. Venderam-nos que navegar no iPhone é o mesmo que navegar num PC (opps, PC? I'm a Mac :) ). Para um designer web isto parece ser uma óptima notícia mas, quanto mais leio sobre o assunto, afigura-se-me a um pesadelo.

A discussão sobre o assunto não é abundante:

"LATE ADDITION: I just found a page on flickr of all places that opens up a discussion of readable websites on iPhone. Joe Clark has a comment where he asks, "Why doesn’t Safari support the handheld CSS media type?" David Stong
E Joe Clark diz:
There’s no need for user-agent sniffing, a debased practice from the 1990s. Why doesn’t Safari support the handheld CSS media type? Joe Clark

Estou inclinado a dar razão a Joe Clark. Se o iPhone tivesse o mesmo comportamento que um ecrã de PC (PC? I'm a Mac), como nos querem vender, porque escreve a Apple coisas como estas?

"You can tailor the style of your webpages by providing a style sheet that adapts to iPhone. The CSS 3 media query allows you to do just that. There are several types of queries including print, handheld, and screen. iPhone ignores the print and handheld media queries because these types do not supply high-end content. So the screen query is what you need to use."Specify an iPhone Style Sheet
Mas parece que na resposta à pergunta: Is iPhone an Handheld? A Apple não deixa margem para dúvidas. Não, não é!. E é um ecrã de um PC (screen)? Não, também não. Mau, então em que categoria de equipamento cabe ele? Em nenhum. Ele apresenta-se isolado. Boa... isto pode não ser mau de todo e até se pode chamar de inovação. Já não é a primeira vez que eu próprio, ao falar de Design for All, falo em Design for One.

Veja-se o que propõe a Apple: especifiquem CSS APENAS para o iPhone.

"To specify a style sheet that is just for iPhone without affecting other devices, you use the only keyword in combination with the screen keyword, as follows:"Specify an iPhone Style Sheet.
<link media="only screen and (max-device-width: 480px)" href="small-device.css" type="text/css" rel="stylesheet">

E a pergunta que se segue é: então e os outros dispositivos handheld? Têm que levar em cima com a CSS do iPhone? A resposta vem da Apple.

"Older browsers ignore the only keyword and won’t read your iPhone style sheet. To specify a style sheet for devices other than iPhone, use an expression similar to the following:"
<link media="screen and (min-device-width: 481px)" href="not-small-device.css" type="text/css" rel="stylesheet" />

É interessante esta presunção: "Older Browsers". 2007 é hoje e a OPERA já fez sair este ano várias versões do seu browser para handhelds. O meu Nokia 6630 usa o OPERA com CSS activa bastante bem.

Se todos os fabricantes de handhelds seguirem a mesma técnica da Apple para o IPhone arriscamo-nos a ter uma das maiores dores de cabeça para os designers. Desenharem específicamente para cada equipamento. Imaginem se a WAI do W3C seguisse a mesma estratégia para ir ao encontro das necessidades das pessoas com deficiência? Teriamos algumas dezenas (numa versão optimista) de folhas de estilo e mesmo assim correriamos o risco de deixar alguns utilizadores de fora.

Será que estamos a abandonar o principio da transformação harmoniosa (gracefully transform) de conteúdos que enforma as directrizes de acessibilidade inscritas nas WCAG 1.0?

domingo, setembro 09, 2007

Como fica a minha página Web no iPhone? Acessibilidade Web mostra o seu valor acrescentado!

Nota prévia: Os testes com o iPhone aqui apresentados e as respectivas imagens foram feitas com o editor APTANA, que tem agora um simulador de páginas Web para iPhone. E é grátis!!

"Use unidades relativas em vez de absolutas nos valores dos atributos da linguagem de notação e valores das propriedades das folhas de estilo."(ponto de verificação 3.4 de prioridade 2 das WCAG 1.0)".

Muita gente pergunta-me o porquê desta regra. Tecnicamente poderemos responder que ao aplicarmos esta regra às nossas páginas, estas adaptam-se a vários tamanhos de ecrã e/ou resoluções dos mesmos.

É isso mesmo que é visível quando observamos a mesma página num ecrã de computador (figura 1) ou num ecrã de um telemóvel como o novíssimo iPhone (figuras seguintes).

Página www.gesta.org vista no navegador Web SAFARI com CSS activa

Figura 1: Página www.gesta.org vista no navegador Web SAFARI com CSS activa.

Mas o que é isso de se ajustar ao ecrã? Se observarmos a figura 1 e 2, iremos constatar que a informação se ajustou à largura do ecrã. Enquanto que a barra de rolamento vertical, que permite ao utilizador percorrer a totalidade da página para baixo e para cima, é visível, a equivalente barra de rolamento horizontal não apareceu apesar do ecrã da figura 2 ser substancialmente mais pequeno que o da figura 1.

Página www.gesta.org vista no IPhone com CSS activa e posicionamento do aparelho na vertical

Figura 2: Página www.gesta.org vista no IPhone com CSS activa e posicionamento do aparelho na vertical.

O iPhone tem ainda a particularidade de ao ser posicionado de lado, i.e. na horizontal, o ecrã também roda. Na prática, ficamos com um ecrã mais largo. Assim, numa página que cumpre a regra de acessibilidade enumerada neste post, a informação rearruma-se de forma a ocupar toda a superfície do ecrã. E note-se que, qualquer que seja a posição do iPhone, a barra de rolamento horizontal nunca aparece. Isto sucede apenas em websites que cumpram esta regra de acessibilidade (exceptuando as que recorrem a truques de javascript para obter o mesmo efeito - isto é batota, não vale! :-) ).

Página www.gesta.org vista no IPhone com CSS activa e posicionamento do aparelho na horizontal

Figura 3: Página www.gesta.org vista no IPhone com CSS activa e posicionamento do aparelho na horizontal.

Mas ainda há mais! Se quem concebeu a página separou correctamente o estilo da estrutura da informação, colocando o primeiro numa folha de estilo externa (CSS) e a segunda numa página de HTML, mesmo que tenha violado a regra, usando valores absolutos, será possível desactivar a folha de estilo e navegarmos na informação livremente usando o estilo por defeito do navegador (é isso que é visível nas figuras 4 e 5). E aqui, mais uma vez, a informação ganha a propriedade de se ajustar ao ecrã do iPhone, esteja este na vertical ou na horizontal. Se não fizer assim, o resultado, ao retirar a folha de estilo, poderá ser um monte de texto sem qualquer nexo.

Página www.gesta.org vista no IPhone com CSS inactiva e posicionamento do aparelho na horizontal

Figura 4: Página www.gesta.org vista no IPhone com CSS inactiva e posicionamento do aparelho na horizontal.

Página www.gesta.org vista no IPhone com CSS inactiva e posicionamento do aparelho na vertical

Figura 5: Página www.gesta.org vista no IPhone com CSS inactiva e posicionamento do aparelho na vertical.

Mas as regras de acessibilidade não são especialmente concebidas para pessoas com deficiência?

Sim, ... mas essencialmente são concebidas para tecnologias usadas por estes. Na prática, ou se quisermos tecnicamente, aquilo que o iPhone actualmente solicita à informação (que se ajuste ao ecrã consoante a sua posição) é algo que uma pessoa, por exemplo, com baixa visão solicita à tecnologia com uma frequência alucinante, há muitos anos, quando amplia o texto e pretende que o mesmo se rearrume no ecrã. Durante um dia de trabalho são centenas, as vezes que uma pessoa com baixa visão solicita à tecnologia alterações equivalentes ao rodar do iPhone (garanto-lhe que o super sensor do IPhone, que permite esta adaptação fantástica, ficaria "mareado" em poucos dias :-) ). Por outro lado os varrimentos horizontais pela informação são penosos para uma pessoa com baixa visão, e para qualquer utilizador também. Por isso, devem ser evitados!

sábado, setembro 01, 2007

People with vision loss can't use most cell phones. It's time to change that.

Muito se tem falado nos últimos tempos de telemóveis, principalmente nos Estados Unidos, com o aparecimento do iPhone e dos rumores do gPhone. Parece que o facto do iPhone não ter teclas e ser mais que um telemóvel para fazer e receber chamadas, acontecendo algo semelhante com os rumores do gPhone, despertou a atenção de organizações como a American Foundation for the Blind (AFB). Pergunta-se: como vai uma pessoa cega ou mesmo com perda de visão usar este tipo de equipamento? Parece que a conversa, talvez de embalar, da Apple enervou as instituições de pessoas com deficiência.

Several AFB staff met with a representative from Apple this week. He indicated that Apple would consider adding accessibility into subsequent releases of the iPhone. The Apple representative stressed that the whole point of the iPhone is to allow innovation. However, the nature of this phone, a perfectly flat screen with only one button, makes it hard for us to imagine how it could be accessed by someone needing tactile feedback and tactually identifiable controls. We wonder how a company that says it prides itself on cutting-edge innovation can create something that is so completely unusable for people with vision loss. We strongly encourage Apple to work with the blindness community to create a truly innovative and accessible iPhone. And while they're at it, why not do the same for the iPod? Hope for iPhone Access!?

Mas a campanha não atinge apenas a Apple, mas todos os fabricantes de telemóveis.

A AFB lançou uma campanha de sensibilização, de seu nome 'Cell Phone Accessibility Project' puxando pela legislação aplicável ao sector, mais precisamente a Secção 255, a parte da Lei Federal dedicada às Telecomunicações que exige que todos os telefones têm de ser utilizáveis por pessoas com incapacidades.

Deste lado do Atlântico, na Europa, a imprensa da especialidade está igualmente atenta. O Boletim E-Access do mês de Agosto dedica à área dos equipamentos móveis um grande destaque e promete seguir a campanha (E-Access Bulletin Live blog). Este conceituado boletim levado a efeito pela Headstar tem por detrás uma das maiores organizações mundiais na defesa dos direitos das pessoas com deficiência da visão: a Royal National Institute of the Blind.

As queixas de utilizadores junto dos fabricantes e das autoridades nacionais de regulação do sector das telecomunicações intensifica-se.

"Thus far, 14 individuals have filed complaints against the cell phone service provider Sprint Nextel and against several phone manufacturers," said Schroeder. "I expect that there may be a few more complaints that will be filed in the next few weeks as we have a number of individuals who have expressed an interest in making complaints," he said.

E-Accces Bulletin of August'07