sábado, outubro 01, 2005
UniversalAccess tem potencial de 300 milhões de euros
Estamos no início de Outubro de 2005 e até à data, ainda não encontrei em Portugal um único utilizador deficiente visual que faça uso das novas funcionalidades que a Apple criou no seu sistema Operativo Tiger.
A resistência à mudança é um velho paradigma para qualquer coisa. Mudar de sistema operativo não é fácil, mas mudar de computador é ainda mais difícil. Deixar de usar PC para Mac, não é uma decisão fácil. Em Portugal é ainda mais difícil porque a informação é escassa. Para deficientes visuais ela, pura e simplesmente, não existe. Os agentes nacionais Apple não conhecem as funcionalidades, estão longe de saber as necessidades; os agentes nacionais de ajudas técnicas continuam a desprezá-lo e os utilizadores cegos ou com baixa visão continuam a procurar as suas opções no universo PC.
Recentemente localizei um site em inglês (www.macvisionaries.com), que visa difundir informação para pessoas cegas sobre o novo sistema operativo Mac OS 10.4, ou para os amigos o Tiger. Segundo as estatísticas recolhidas pelo MacVisionaries, até à data deste artigo, são 74 os utilizadores cegos que mudaram para Mac por causa do leitor de ecrã VoiceOver. E alguns deles eram utilizadores do leitor de ecrã JAWS, um dos mais utilizados no Windows em todo o mundo. Deixo no ar a pergunta: quantos teriam mudado por causa do Zoom? Pelas estatísticas oficiais dos países da União Europeia, em que do conjunto de pessoas com deficiência visual, 11% são cegos, a Apple já terá conseguido, até ao momento, angariar mais 672 utilizadores Mac, dos quais 598 usam todos os dias o Zoom. Se estes últimos forem como eu então usam-no sempre, do on ao off.
Mas mais, cruzando os dados da Apple, 15 milhões de utilizadores registados em todo o mundo, com as estatísticas oficiais sobre a incidência de deficiência da visão, 0,2% nos países mais desenvolvidos, a empresa arrisca-se a ter cerca de 300 mil novos utilizadores com deficiências da visão graves. Is just continue the Job, Mr. Steves!
Fazendo um custo médio a dispender por utilizador para ter um Mac a funcionar por volta dos 1000 euros, preço por exemplo do Portátil iBook ou do de secretária eMac, então poderemos estar a falar de um mercado potencial de 300 milhões de euros.
Para Jay Leventhal, da revista AccessWorld da AFB, essa passagem é ainda prematura e a Apple tem que fazer melhor.
Para Anne Robertson, uma utilizadora cega, profissional de tradução de Inglês-Francês, que deixou no meu blog alguns comentários sobre o VoiceOver bem interessantes, o Mac Tiger cumpre perfeitamente a função. É com ele, que ela, diariamente, desempenha a sua profissão e para além da funcionalidade ela deixa alguns argumentos fortes: está incluído no sistema operativo e um Mac pode, hoje em dia, ser adquirido por 500 euros. Ela refere-se ao Mac Mini, disponível para quem tenha em casa um monitor e um teclado.