domingo, abril 20, 2008

Leitor de ecrã ORCA num MacBook Pro com a ajuda do iPod

ORCA num MacBook: pormenor do ampliador de ecrã

O ORCA tem cada vez mais adeptos no seio das pessoas com deficiência da visão, principalemtne pelas boas prestações do seu leitor de ecrã.

Dos testes que fiz este fim-de-semana, o leitor de ecrã em Português convenceu-me. Já o mesmo não posso dizer do ampliador de ecrã. Quando é que os desenvolvedores de ampliadores de ecrã se convencem que um ampliador tipo lupa não resulta para pessoas com baixa visão? Nesse particular parece que a Apple é a única que oferece, de facto, uma solução eficaz de ampliação em ecrã completo.

A pergunta deste fim-de-semana foi: será que consigo pôr o Linux Ubuntu a rodar no meu Mac e experimentar o ORCA? Yes, yes, ...

Uma das soluções possíveis, e que me agradou pelo risco controlado da instalção, foi a que passava por criar uma Máquina Virtual.

Encontrei duas hipóteses: através do programa Parallels ou através do programa VMWare. Estas duas aplicações permitem fazer de um pedaço de um disco uma instalação completa de um sistema operativo. No caso concreto optei pelo VMWare uma vez que o Parallels o faz apenas com o disco que está instalado no computador e eu queria algo que me permitisse usar o meu iPod Classic de 80GB. Guardar nele 10Gb para este teste seria algo que não iria atrapalhar a minha colecção de discos e vídeos e por outro lado evitava de correr o risco de formatar o meu disco (risos... nunca se sabe).

E assim foi:

  • Instalei o VMWare na sua versão de Avaliação, válido por 30 dias. Deparei-me com um erro fatal que me obrigou a desligar o MacBook no botão reset algumas vezes até que descobri que o VMWare não gosta do Zoom do Leopard. Deixei de usar o Zoom e passei a usar o meu telescópio de mão para controlar a nova máquina virtual.
  • Instalei em seguida o Linux Ubuntu 7.10 a partir de um ficheiro ISO que descarreguei da net via Leopard. A instalação foi fácil mas deparei-me com um problema de resolução de ecrã. O Ubuntu insistia em aparecer num ecrã minúsculo de 600x480. Mas na configuração do sistema lá encontrei a opção Screen & Graphics e aqui escolhi outra opção que não a Plug & Play. E funcionou!!
  • Executei o Install que entretanto apareceu já na máquina virtual, num muito bonito desktop do Ubuntu, muito parecido ao Mac OS X. Por sinal as opções de acessibilidade também aqui se chamam de UniversalAccess mas por lá não vi o ORCA. Mau!...
  • Procurei o ORCA por todo o lado, inclusivamente usando o motor de busca do Ubuntu mas o que teoricamente estaria no sistema não estava. Mas foi estranho porque na opção instalar/remover aplicações o ORCA estava lá. Porreiro... Vasculhei um pouco mais na web e encontrei a solução. Executar o programa Consola (Terminal para quem usa a versão inglesa) do Ubuntu e aqui escrever sudo apt-get build-dep gnome-orca e pressionar enter. O sistema pede-nos a seguir a password de utilizador e inicia um complexo processo de instalação e configuração. Graças a Deus, tudo automático! Com esta "fórmula mágica" o Terminal (ou Consola) concluiu a tarefa, sem me perguntar nada. Feito isto foi executar outro comando na linha do Terminal orca -s e eis que surgiu o sintetizador de fala do ORCA já em Português. Até agora só vi esta opção para chamar o programa. Na parte gráfica do sistema operativo tentei executar alt+f2, que segundo a informação disponível na web executa o ORCA, mas verifico que esta sequência entra em colisão com comandos do Leopard. Afinal são 2 sistemas operativos a rodar em simultâneo na mesma máquina... parece-me natural que as teclas de atalho dos dois entrem em colisão.
O bonito desktop do Linux Ubuntu no MacBook Pro

Gostei:

  • do sintetizador de fala que tem versão para Português nas suas variantes Brasil e Portugal com um desempenho muito agradável.

  • o leitor de ecrã funciona também no OpenOffice que vem de origem com o Ubuntu. Ideal para escrever e ler informação.
  • a configuração à net foi automática. O Firefox é o browser de serviço e ficou configurado sem me perguntar nada. Vejo que também há um programa de correio electrónico que não cheguei a configurar.
  • Com a VM em ecrã completo parece mesmo que estamos a rodar o Linux na nossa máquina. A interface é muito bonita e tem template com alto contraste e letra grande e ainda um conjunto de referências sonoras para avisar do pedido de password e de sucesso de arranque do sistema. Notável!! O desempenho, nomeadamente o tempo de resposta às acções é agradável.

Gostei menos:

  • do ampliador de ecrã do ORCA mas mesmo assim é mais funcional do que a lupa que está no Windows Vista (que nasceu com o Windows 95). Mas peca por não ser ecrã completo da do tipo que se encontra no Leopard.

Foi chato:

  • a colisão do VMWare com o Zoom da Apple, que deita aquele abaixo, de tal modo que para repor a situação só desligando a máquina no botão. Mas notei que o Zoom do Leopard ainda chega a actuar na Máquina Virtual. Se esta não fosse abaixo, a solução passava a ser excelente para quem tem baixa visão. Porquê? Poderia usar o Zoom do Leopard em qualquer sistema operativo. Havia de ser lindo o Zoom a ampliar uma VM com Windows Vista, Linux, Solaris, .... E parece-me que estamos a um passinho de o conseguir - enviei uma nota para o fabricante do VMWare.
  • também foi chato ultrapassar, ainda não está completamente alinhado com o meu ecrã de 17 polegadas, o problema da resolução.
  • esperava que a ampliação no ORCA fosse de ecrã completo

Em termos de custos envolvidos com esta solução há que contar com o preço do VMWare Fusion que custa cerca de 80 euros, o qual provavelmente irei adquirir depois dos 30 dias de avaliação.