quarta-feira, dezembro 08, 2010

Testes revelam que Kindle tem fraco contraste para ser usado por pessoas com baixa visão

O ecrã do iPad tem o dobro do contraste proporcionado pelo Kindle 3

Comparação de contraste do ecrã do Kindle 3, 2 e iPad 1ª geração.

O contraste do Kindle 3 é 40% superior ao do Kindle 2 mas é ainda metade do proporcionado pelo ecrã do iPad. Dizem os testes do laboratório da AFB TECH que revela uma relação de contraste de 97% para o iPhone, 34.6% para o Kindle 2 e 48.9% para o Kindle 3.

Ao ler o artigo Kindle 3: An Accessibility Evaluation...Is the Third Time the Charm? da AccessWorld fica-se com a sensação que a Amazon está longe da Apple na disponibilização de uma solução de leitura que sirva pessoas com incapacidade para ler material impresso. Dá vontade de dizer: então Amazon, Desenho Universal é difícil, não é?

O conceito de Desenho Universal parece ainda mais difícil quando se tenta introduzir á posteriori. O Kindle já vai na sua 3ª edição e parece que ainda não é desta. Está, do ponto de vista de funcionalidades de acessibilidade, longe da 1ª geração iPad. Diria mesmo, o Kindle não tem sequer hardware que permita disponibilizar uma solução útil a pessoas cegas, a pessoas com baixa visão, a pessoas com dislexia.

A leitura por sintetizador de fala pode até responder à legislação americana, mas é uma solução mal amanhada. O Kindle vem equipado com dois sintetizadores de fala, um masculino e um feminino, mas apenas em inglês. O iPad tem mais de 30 sintetizadores de fala em vários idiomas, incluíndo o português europeu. Por outro lado a resposta do sintetizador do Kindle é lenta, engasga-se com frequência e desaparece com frequência nas operações mais vitais. O do iPad está presente em todo o lado e na leitura de páginas web que seguem as Web Content Accessibility Guidelines do W3C não só lê, como se dá ao luxo de "brincar" com os diversos sintetizadores, operação que deixa qualquer computador "morto de inveja", tal é a facilidade com que o iPad o faz. Diga-se que já o seu irmão mais velho, mas mais pequeno, o iPhone 3GS, desempenhava, e desempenha, esta função de leitura por multisintetizadores na perfeição.

Para pessoas com baixa visão, os testes efectuados no laboratório da American Foundation of the Blind não deixam dúvidas:

"(...) Porque a relação de contraste de um ecrã é o indicador número 1 da sua visíbilidade, medimos o Kindle nos laboratórios de óptica da AFB TECH. Quando efectuámos os testes com o ecrã do Kindle 2 para o meu último artigo, descobrimos que os seus 34.6% de contraste eram um dos mais baixos que alguma vez tinhamos medido. Actualmente, a Amazon anuncia que o contraste do Kindle 3 é 30% melhor que o Kindle 2, e, de facto, nós confirmamos que é verdade. Todavia, os 48.9% de contraste do ecrã do Kindle 3 continua a ser fraquinho para a generalidade das pessoas com baixa visão, e é pobre em relação aos 97% do iPhone."